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Etarismo no trabalho: como o RH pode ajudar a combater

por Marcelo Braga
etarismo

O etarismo é o preconceito com base na idade e conforme o envelhecimento populacional vai escalando, mais o etarismo dentro do mercado de trabalho torna-se uma questão séria no ambiente corporativo.

Muitas empresas, indireta ou diretamente, colocam a idade como um obstáculo a mais nos seus processos seletivos. Uma prática que é ilegal, mas infelizmente ainda faz parte do mercado. Assim, um candidato com mais – ou menos – idade tem mais dificuldade de entrar e/ou se recolocar no mercado de trabalho.

O que é o etarismo?

O etarismo é toda forma de estereótipo, preconceito e/ou discriminação baseado na idade. Embora essa definição também valha para candidatos mais jovens, a realidade é que a faixa etária acima dos 50 são os que mais sofrem com esse preconceito.

A concepção por trás do etarismo, de que a idade mais avançada interfere na capacidade do indivíduo de desempenhar suas funções ou que contam com “prazo de validade”, vem de uma época na qual as pessoas viviam muito menos do que atualmente.

O cenário atual é bem distinto: a população brasileira está envelhecendo. Segundo o IBGE, a estimativa é de que até 2031, o total de idosos ultrapasse o total de crianças e adolescentes. O que significa que essa “nova” população precisará se manter ativa no mercado de trabalho por mais tempo.

Como o etarismo se manifesta no local de trabalho?

Muitas vezes, o etarismo passa despercebido em relação a outras formas de preconceito, por não estar tão no centro das atenções. Uma pesquisa realizada pela consultoria Hype50+ mostra que 39% dos profissionais acima dos 55 anos se sentem excluídos ou descartados do mercado de trabalho.  O que é um problema, pois metade da mão de obra brasileira terá mais de 50 anos até 2040!

Assim, é preciso entender como o etarismo se manifesta dentro do ambiente profissional. Aqui estão alguns sinais de discriminação etária:

  • As oportunidades de aprendizagem são oferecidas para colaboradores mais jovens — não para os mais velhos. Isso pode incluir cursos educacionais, acesso a reembolso para educação continuada, participação profissional ou de conferências do setor, etc.
  • Ser negligenciado ou desconsiderado para tarefas mais desafiadoras. Isso também pode parecer etarismo – bem como atribuir uma parcela injusta de atribuições desagradáveis ou tediosas aos colaboradores com mais idade.
  • Ser deixado de fora de reuniões de clientes ou atividades da empresa.
  • Comentários depreciativos e comentários sobre a idade. Isso pode ser enquadrado como sutil e brincalhão, com outros brincando sobre sua idade, planos de aposentadoria, velocidade de digitação lenta, ofegante enquanto sobe as escadas, etc. Ou, pode ser francamente agressivo (por exemplo, comentários pontiagudos e/ou encurralados que pressionam você a se aposentar e liberar a posição para outro profissional).
  • As pessoas considerarem que, por conta da idade, o colaborador mais velho não irá conseguir e/ou querer lidar com a tecnologia e processos digitais. Como exemplo disso, muitos colaboradores mais velhos acabaram demitidos durante a pandemia por acharem que eles não se adaptariam ao modelo remoto.
  • A empresa não contrata pessoas mais velhas e/ou coloca um limite de idade para suas vagas. Quando menos se percebe, há cada vez menos pessoas mais velhas trabalhando para a empresa. Bem como colaboradores acima dos 40 costumam ser os primeiros a serem dispensados quando há necessidade de corte de pessoal.

Como o RH deve lidar com o etarismo no local de trabalho?

O etarismo está crescendo no local de trabalho, apesar dos melhores esforços dos RHs para minimizar tais ocorrências. Diante de uma reclamação de discriminação etária, o profissional de recursos humanos deve proceder com a máxima cautela e diligência. Seu objetivo principal deve ser buscar uma resolução rápida e ajudar a promover um ambiente profissional mais inclusivo.

Começa no recrutamento

Não insinue que os candidatos devem ser jovens para desempenhar suas funções com sucesso, por isso não coloque frases discriminatórias como “novos graduados”, “tecnologicamente experientes” e “heavy users” na descrição da vaga. Em vez disso, tenha declarações que afirmam o compromisso da sua organização em não discriminar candidatos com base em sua idade, raça, orientação sexual ou identidade de gênero.

Durante as entrevistas, certifique-se de fazer perguntas apropriadas e evitar conversas desnecessárias relacionadas à idade. Os candidatos devem ser avaliados e escolhidos de acordo com suas qualificações e não suposições.

Promova a mentoria

Pesquisas comprovaram que programas de mentoria aumentam a satisfação no trabalho, a realização, o avanço na carreira e o comprometimento. Além disso, pode superar as tensões relacionadas à idade e conectar faixas etárias, trazendo valiosa experiência e conhecimento de colaboradores mais velhos. Um programa de mentoria reconhece a expertise dos colaboradores e a compartilha com o resto da equipe. 

Da mesma forma, programas de mentoria reversa podem diminuir a diferença de idade e promover perspectivas mais empáticas. Sob mentoria reversa, um trabalhador mais jovem auxilia seu mentor para integrá-lo em tecnologias desconhecidas, redes sociais e outras aplicações.

Tenha políticas claras

Deixe claro que na cultura da sua empresa não será tolerada discriminação por idade, podendo o responsável ser legalmente punido por isso, já que o etarismo é também crime.

Enfatize seus critérios para toda a equipe já durante o onboarding e treinamento da empresa. Isso ajudará seus colaboradores a reconhecerem como a discriminação etária se manifesta no local de trabalho e dar ideias sobre a melhor maneira de evitar tais situações.

Esteja ciente do estereótipo e evite-o

Nenhum ambiente está imune à discriminação e o local de trabalho não é exceção. O padrão psicológico humano se baseia em estereótipos reconhecidos e profundamente enraizados para a tomada de decisões, são os nossos vieses inconscientes.

Profissionais mais velhos podem ser presumidos como colaboradores mais resistentes à mudança, contando o tempo para a aposentadoria, sem ambição profissional ou que têm energias mais baixas. Na realidade, sua experiência é crucial no sucesso de muitas empresas

Reconheça que essas suposições são um sinal de etarismo. Em vez de excluí-las de atividades cruciais no local de trabalho, você deve incluí-las em todos os sentidos para que sua experiência possa entrar em jogo e beneficiar sua empresa.

Invista no desenvolvimento dos colaboradores

Independentemente da idade ou posição, sua empresa deve oferecer oportunidades de desenvolvimento e treinamento a todos os seus colaboradores. Ajudar seus colaboradores mais velhos a se manterem atualizados com as tendências e as melhores práticas permite que eles alcancem mais.

Inclua o etarismo como parte da diversidade e inclusão

Com a maioria das equipes já compostas por pessoas de diversas gerações, incorporar questões como diversidade, inclusão, sensibilidade e discriminação etária no local de trabalho em suas sessões de treinamento pode ajudá-los a se tornarem colaboradores – e pessoas – melhores. O treinamento é, de fato, um aspecto essencial do processo de onboarding. É uma excelente oportunidade para entender as repercussões da discriminação e os benefícios da diversidade etária no trabalho.

Um ambiente de trabalho para todas as idades

Uma equipe multigeracional é algo necessário às empresas. A melhor maneira de promover a inclusão etária em sua força de trabalho é tendo políticas e critérios claros para contratação e recompensa. Comunicar a importância do respeito e das consequências negativas da discriminação também pode prevenir o etarismo.

Reconhecer o papel de cada colaborador, independentemente da idade, pode melhorar as relações, a cooperação e o crescimento.

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