O abono pecuniário é um dos direitos trabalhistas que mais gera dúvidas entre os colaboradores. Afinal, ele envolve uma escolha importante: trocar parte do descanso por dinheiro.
Se, por um lado, pode ajudar a aumentar a renda em um momento de necessidade, por outro, pode comprometer o descanso físico e mental que as férias proporcionam. Neste artigo, vamos detalhar tudo o que você, trabalhador, precisa saber antes de solicitar o abono pecuniário.
O que é Abono Pecuniário?
O abono pecuniário é um direito garantido pela CLT (art. 143) que permite ao colaborador vender até 1/3 dos seus dias de férias e receber o valor correspondente em dinheiro.
Na prática: se você tem direito a 30 dias de férias, pode transformar até 10 dias em pagamento adicional, ficando apenas com 20 dias de descanso.
Esse recurso funciona como uma espécie de “compensação financeira”, sendo útil para quem precisa de uma renda extra ou não consegue se ausentar do trabalho por todo o período de férias.
Importante destacar: o abono não substitui as férias por completo. Você deve tirar, no mínimo, 20 dias de descanso. O objetivo é equilibrar direito ao repouso e flexibilidade financeira.
Quando você pode pedir o abono?
O abono pecuniário não está disponível em qualquer situação. Ele só pode ser solicitado em momentos específicos:
1-Durante o planejamento das suas férias anuais
- O pedido deve ser feito com até 15 dias de antecedência ao início do período de férias.
- Exemplo: se suas férias começam no dia 1º de dezembro, você precisa solicitar até o dia 15 de novembro.
2- No momento da rescisão de contrato
- Se você sair da empresa e tiver férias vencidas ou proporcionais, a empresa deve pagar o valor correspondente. Nesse caso, o abono é incluído automaticamente no cálculo.
3- Por iniciativa própria
- O pedido deve sempre partir do colaborador.
- A empresa não pode obrigar você a abrir mão de parte das férias em troca de dinheiro.
Situações práticas em que o abono pode ser útil
- Equilibrar as contas: quando surge um gasto inesperado, como uma reforma, pagamento de dívidas ou despesas médicas.
- Investimento pessoal: usar o valor para um curso, certificação ou até mesmo para poupar.
- Menor necessidade de descanso prolongado: se você já planejou viajar por apenas 2 semanas, pode optar por vender o restante e reforçar o orçamento.
Como funciona o cálculo do abono pecuniário?
O cálculo é simples, mas precisa ser entendido para que você saiba exatamente quanto vai receber:
- Salário mensal ÷ 30 = valor diário
- Valor diário × dias vendidos (até 10)
- Esse valor é acrescido na folha de pagamento junto ao pagamento das férias.
Exemplo: se o seu salário é R$ 3.000, o valor diário é R$ 100. Ao vender 10 dias, você recebe R$ 1.000 a mais.
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Vantagens de pedir o abono pecuniário
Mais dinheiro no bolso
O abono é uma oportunidade de aumentar a renda em um determinado mês. Ele pode ser usado para quitar dívidas, planejar uma viagem futura, investir em estudos ou simplesmente reforçar sua reserva financeira.
Flexibilidade
Nem sempre é possível ficar 30 dias longe do trabalho. Para quem prefere ou precisa reduzir o tempo de afastamento, vender parte das férias pode ser uma saída prática.
Direito garantido por lei
A CLT assegura que o colaborador pode vender até 1/3 das férias, desde que faça o pedido no prazo. Isso significa que, cumprindo os requisitos, a empresa não pode negar seu pedido.
Desvantagens que você deve considerar
Menos descanso
Ao vender 10 dias, você perde a oportunidade de ter um período mais longo de recuperação física e mental. Isso pode fazer falta em momentos de alta demanda de trabalho.
Impacto na saúde
O impacto na sua saúde é algo muito importante a se pensar. Reduzir o descanso pode contribuir para o aumento do estresse, maior risco de esgotamento e até queda na produtividade. É importante pensar se o ganho financeiro compensa a perda do tempo de repouso.
Limite legal
Mesmo que você queira, não pode abrir mão de todos os dias de férias. A lei garante que ao menos 20 dias de descanso sejam mantidos.
Como solicitar o abono pecuniário corretamente
- Faça o pedido formal por escrito
O ideal é protocolar no RH ou enviar por meio dos canais oficiais da empresa, como e-mail corporativo ou sistema interno. - Respeite o prazo
O pedido deve ser feito com pelo menos 15 dias de antecedência em relação ao início das férias. Caso contrário, a empresa pode recusar. - Acompanhe o pagamento
O valor do abono deve aparecer na sua folha de pagamento, junto com as férias. Sempre confira se tudo foi calculado corretamente.
Conclusão
O abono pecuniário é um recurso que pode trazer benefícios imediatos, mas também exige reflexão. Para o colaborador, ele representa uma chance de reforçar a renda sem abrir mão total das férias. Por outro lado, implica em menos tempo de descanso, algo que pode afetar a saúde e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A decisão deve ser tomada com planejamento: considere seu momento financeiro, sua necessidade de descanso e se o ganho realmente compensa a redução no tempo de pausa. Em caso de dúvida, converse com o RH da empresa para garantir que o pedido seja feito dentro do prazo e registrado corretamente.
Lembre-se: férias não são apenas um direito, mas também uma necessidade. Use o abono de forma estratégica, sem deixar de lado o cuidado com o seu bem-estar.

FAQ – Dúvidas Frequentes sobre o Abono Pecuniário
1. Posso vender todos os dias de férias?
Não. A lei só permite a venda de até 10 dias.
2. Preciso justificar por que estou pedindo o abono?
Não. Basta solicitar dentro do prazo legal.
3. A empresa pode negar meu pedido?
Não, desde que você faça a solicitação no prazo.
4. O pagamento do abono vem separado do salário?
Não. Ele vem junto com o pagamento das férias.5. O abono influencia no cálculo do 13º ou FGTS?
Não. Ele é um pagamento à parte, exclusivo para férias.